Militares revelam que foram coagidos por coronel do Exército para acobertar assassinato em alojamento: 'Quem falasse, seria preso'
Segundo os depoimentos, o comandante do batalhão, coronel Douglas Santos Leite, reuniu os militares logo após o ocorrido e determinou que a versão oficial seria de suicídio. Militares revelam que foram coagidos por coronel do Exército para acobertar assassinato
Militares do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista relataram ao Fantástico, que foram coagidos por um coronel do Exército a manter silêncio sobre a morte de um soldado, ocorrida em janeiro dentro de um alojamento militar no Rio de Janeiro. A versão inicial apresentada à família foi de suicídio, mas investigações do Ministério Público Militar (MPM) apontam que o jovem foi morto por um colega durante uma brincadeira com arma de fogo.
Segundo os depoimentos, o comandante do batalhão, coronel Douglas Santos Leite, reuniu os militares logo após o ocorrido e determinou que a versão oficial seria de suicídio.
“Ele reuniu o batalhão e decretou como ordem que foi um suicídio, que não se falava mais disso. Disse que quem tivesse contato com a família seria preso e mandado embora”, relatou uma das testemunhas.
Apesar da ameaça, alguns soldados decidiram romper o silêncio.
“Porque está errado. Como que vai proibir a mãe e o pai? O filho sofreu um acidente grave e vai proibir isso?”, disse outro militar.
Um suicídio pra um comandante fica mais fácil de dissipar do que um assassinato dentro de um batalhão", afirma outro.
Após a repercussão do caso, o comandante teria convocado uma nova reunião e mudando a versão inicial.
“A primeira reunião ele falou que o Otávio tinha se matado. A segunda reunião ele já torceu tudo. Não era mais o que ele falou. Disse que a perícia estava vendo, que podia ser o Figueira. Mesmo assim, a ordem permaneceu: 'Foi pra ficar em sigilo todo mundo. Não falar nada, pra não dar informações'", relata uma testemunha.
As declarações revelam ainda que o jovem apontado como autor do disparo, Jonas Gomes Figueira, era conhecido por brincar com armas dentro do alojamento, prática proibida pelas normas militares.
“Ele sempre fazia isso. Apontava arma para os outros, encostava na cabeça dos colegas. A gente falava pra ele parar, mas ele não tinha limite”, conta outro militar.
A defesa de Jonas Figueira se manifestou por nota e diz que recebe com tranquilidade a denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar por suposta autoria atribuída a este no crime de homicídio qualificado e que entende que não há justa causa para a presente ação ou para uma futura condenação de Jonas pelos crimes que lhe são imputados. E que Jonas afirma ser inocente, o que ficará provado ao fim do processo.
O Fantástico conversou com o comandante Douglas e ele disse que iria se manifestar através da assessoria do Exército. Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército disse que, desde o momento do ocorrido, todas as ações realizadas pelo Comando do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista foram pautadas pelo estrito cumprimento das normas e em rigorosa observância das atribuições relativas ao cargo do comandante. Tudo visando a garantir a lisura do processo e minimizar a disseminação de informações inverídicas.
A nota também diz que, em nenhum momento, o Comando da Organização Militar afirmou, perante familiares ou militares do batalhão, qualquer conclusão sobre a dinâmica dos fatos. E finaliza afirmando que todas as providências adotadas seguiram rigorosamente os preceitos legais, com total comprometimento com a verdade, a integridade, a ética, a justiça e o respeito ao militar falecido e sua família.
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